O Ministro da Saúde, Ricardo Barros |
O Fórum das ONG/Aids do Estado de São Paulo (FOAESP) enviou ofício ao Ministro da Saúde, Ricardo Barros, solicitando o licenciamento compulsório do sofosbuvir.
Na carta, o FOAESP argumenta que com os preços atualmente pagos pelo Ministério ficarão inviabilizados o fornecimento de mais tratamentos para a hepatite C no Brasil.
Confira a carta a seguir:
São Paulo, 22 de Novembro de 2017.
Exmo.
Sr.
Ministro
de Estado da Saúde
Eng.
Ricardo José Magalhães Barros
Esplanada
dos Ministérios
Brasília – DF
Senhor Ministro,
O Fórum das
ONG/Aids do Estado de São Paulo (FOAESP), colegiado que reúne mais de uma
centena de organizações com atuação na prevenção, no tratamento e na promoção
dos Direitos Humanos das pessoas vivendo com HIV/Aids e as acometidas pelas
Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), vem por meio deste ofício reivindicar
o licenciamento compulsório dos
medicamentos sofosbuvir, para o tratamento da hepatite C, e do medicamento
composto de tenofovir mais emtricitabina, para a prevenção e o tratamento do
HIV, conhecidos pelas marcas solvadi e truvada, respectivamente, da Gilead
Sciences.
Em maio, quando o truvada
foi incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS), para a profilaxia
pré-exposição (PrEP) ao HIV, o Ministério da Saúde anunciou que seriam
dispensados 7.000 tratamentos no primeiro ano a um custo de US$ 1,9 milhão
(custo de US$ 271.43 o tratamento). Segundo levantamento do Grupo de Trabalho
sobre Propriedade Intelectual (GTPI), a aquisição do medicamento genérico da
Índia diminuiria o preço do tratamento para US$ 64 a US$ 77 o tratamento, o que
viabilizaria o tratamento a mais pessoas.
No caso do sofosbuvir, a aquisição
realizada em 24 de agosto pelo Ministério da Saúde desembolsou cerca de US$
4,200 por cada tratamento de 12 semanas com esta droga. Em países que lançaram
mão de medidas que garantiram a aquisição de genéricos, o tratamento pode
custar de US$ 100 a (como na Índia) a US$ 180 (como no Egito).
Em ambos os casos, os preços pagos pelo
Brasil à Gilead Sciences tornam insustentável a dispensação destes medicamentos
para mais pessoas, desrespeitando a universalidade e a integralidade do SUS.
Informamos ainda que, devido à atuação das
organizações da sociedade civil reunidas no GTPI, dentre as quais se inclui o
FOAESP, os pedidos de patente para ambos os medicamentos estão em estágio
avançado de rejeição. Ambos já receberam parecer negativo do INPI, que acatou
os argumentos da sociedade civil que demonstram que as patentes são imerecidas.
Nessas condições, não há motivos para que
o Brasil siga pagando preços injustificavelmente altos. Defendemos que o Brasil
não aceite pagar mais do que U$ 500,00 pelo tratamento completo de hepatite C,
que organize uma rodada de compra conjunta via Mercosul na qual fornecedores genéricos
de sofosbuvir sejam convocados e que declare o interesse público referente a esses dois medicamentos,
sinalizando que está disposto a utilizar a licença compulsória caso a empresa
Gilead siga com suas manobras para se manter em posição privilegiada as custas da
saúde do povo brasileiro.
Pelos motivos expostos, o licenciamento compulsório poderá vir
a ser o meio sustentável de garantir o acesso universal e equânime a todos os
cidadãos e cidadãs brasileiros que necessitam destes medicamentos, sejam eles
para o tratamento da hepatite C ou para a prevenção do HIV.
Nesta expectativa, firmamo-nos,
Cordial e solidariamente,
Rodrigo Pinheiro
Presidente
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