terça-feira, 18 de julho de 2017

Hepatites precisam de boletim que divulgue dados epidemiológicos em SP

A infectologista Cláudia Binelli durante Encontro em SP
O Programa de controle das hepatites virais do Estado de São Paulo necessita, urgentemente, de um boletim epidemiológico que apresente dados de incidência, prevalência e tratamento, entre outros, de forma hierarquizada, como preconiza o Sistema Único de Saúde (SUS).

Vinculado ao Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) “Alexandre Vranjac”, da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, o Programa Estadual de Hepatites Virais não tem um veículo que ofereça à população os dados epidemiológicos das mais de 65 mil pessoas infectadas pelo vírus da hepatite C (HCV) no Estado, embora possa ter outros meios de divulgação interna dos números.

Entre os dias 29 de junho e 1º de julho foi realizado o I Encontro da Articulação Paulista de Luta contra a AIDS, movimento formado pelo Fórum das ONG/Aids do Estado de São Paulo (FOAESP) e as três redes nacionais de pessoas vivendo com HIV/AIDS com efetiva atuação no Estado. Durante a mesa de assistência, ativistas dos quatro movimentos questionaram a médica Claudia Binelli, que representava o Programa Estadual de DST/Aids, sobre a situação das hepatites virais, em especial a hepatite C e sua coinfecção com o HIV.

Diante das manifestações, o FOAESP enviou quatro perguntas à médica, por e-mail. As respostas foram fornecidas em conjunto pelos programas de combate à aids e às hepatites virais do Estado de São Paulo. A seguir:

As perguntas

1. Desde 2014 que o Boletim Epidemiológico de DST/AIDS do Estado de São Paulo não traz dados das coinfecções com as hepatites B e C. Há alguma determinação para que estes dados não sejam publicados? Por que os dados não foram publicados nos Boletins de 2015 e 2016?

2. Quantas pessoas vivendo com HIV estão infectadas pelo vírus da Hepatite C no Estado?

3. Quantos tratamentos já foram dispensados às pessoas em coinfecção e quais as taxas de cura da Hepatite C nestas pessoas?

4. Qual a importância do tratamento da hepatite C para o controle da epidemia de aids no Estado?

E as respostas

“Até 2014 apresentamos os dados de Coinfecção HIV/HCV em boletins do CVE e artigo na revista Epidemiologia e Serviços de Saúde (Ministério da Saúde), uma vez que ainda não temos o Boletim do Programa Estadual de Hepatites Virais/CVE.

Em 2014 fizemos um trabalho em conjunto com a dra. Wong Kuen (CRT-A) e os dados foram publicados no Boletim do Programa Estadual de DST/HIV/Aids e no BEPA.

Vale salientar, que faz parte de nossa proposta de trabalho a elaboração de um Boletim Epidemiológico do Programa Estadual de Hepatites Virais, onde esses dados serão objeto de publicação periódica.

O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Hepatite C e Coinfecções, do Ministério da Saúde, preconiza que pacientes portadores de coinfecção HIV/HCV devem ser priorizados para receber um regime de tratamento compatível com sua terapia antirretroviral. A indicação de tratamento do paciente coinfectado HIV/HCV deve ser feita independente do grau de fibrose hepática.

Em relação à coinfecção HCV/HIV, esta representa importante problema de saúde pública com prevalência que varia de 10 a 30% em diversas populações. As pessoas coinfectadas com HCV/HIV apresentam risco mais elevado de progressão para cirrose ou doença hepática descompensada do que aquelas mono-infectadas com HCV.

Dos 65.155 casos de hepatite C, foram registrados no período 6.890 casos de coinfecção HCV/HIV, com proporção que varia de 15,6% (1.039/6.644) em 2007 a 10,2% (777/7.631) em 2016.

Estamos finalizando a análise do banco [de dados] do Medex, da Coordenação de Assistência Farmacêutica da Secretaria Estadual de Saúde, sobre os tratamentos de hepatite crônica C dispensados segundo critérios do PCDT, bem como a avaliação das respostas ao tratamento, e enviaremos oportunamente os resultados destas análises.”

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