A infectologista Cláudia Binelli durante Encontro em SP |
O Programa de controle das hepatites virais do Estado de São
Paulo necessita, urgentemente, de um boletim epidemiológico que apresente dados
de incidência, prevalência e tratamento, entre outros, de forma hierarquizada,
como preconiza o Sistema Único de Saúde (SUS).
Vinculado ao Centro de
Vigilância Epidemiológica (CVE) “Alexandre Vranjac”, da Coordenadoria de
Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, o Programa Estadual
de Hepatites Virais não tem um veículo que ofereça à população os dados
epidemiológicos das mais de 65 mil pessoas infectadas pelo vírus da hepatite C
(HCV) no Estado, embora possa ter outros meios de divulgação interna dos
números.
Entre os dias 29 de junho e 1º de julho foi realizado o I
Encontro da Articulação Paulista de Luta contra a AIDS, movimento formado pelo
Fórum das ONG/Aids do Estado de São Paulo (FOAESP) e as três redes nacionais de
pessoas vivendo com HIV/AIDS com efetiva atuação no Estado. Durante a mesa de
assistência, ativistas dos quatro movimentos questionaram a médica Claudia
Binelli, que representava o Programa Estadual de DST/Aids, sobre a situação das
hepatites virais, em especial a hepatite C e sua coinfecção com o HIV.
Diante das manifestações, o FOAESP enviou quatro perguntas à
médica, por e-mail. As respostas foram fornecidas em conjunto pelos programas
de combate à aids e às hepatites virais do Estado de São Paulo. A seguir:
As perguntas
1. Desde 2014 que o Boletim Epidemiológico de
DST/AIDS do Estado de São Paulo não traz dados das coinfecções com as hepatites
B e C. Há alguma determinação para que estes dados não sejam publicados? Por
que os dados não foram publicados nos Boletins de 2015 e 2016?
2. Quantas pessoas
vivendo com HIV estão infectadas pelo vírus da Hepatite C no Estado?
3. Quantos tratamentos já foram dispensados às
pessoas em coinfecção e quais as taxas de cura da Hepatite C nestas pessoas?
4. Qual a importância do tratamento da hepatite
C para o controle da epidemia de aids no Estado?
E as respostas
“Até 2014 apresentamos os dados de Coinfecção HIV/HCV em
boletins do CVE e artigo na revista Epidemiologia e Serviços de Saúde
(Ministério da Saúde), uma vez que ainda não temos o Boletim do Programa
Estadual de Hepatites Virais/CVE.
Em 2014 fizemos um trabalho em conjunto com a dra. Wong Kuen
(CRT-A) e os dados foram publicados no Boletim do Programa Estadual de
DST/HIV/Aids e no BEPA.
Vale salientar, que faz parte de nossa proposta de trabalho
a elaboração de um Boletim Epidemiológico do Programa Estadual de Hepatites
Virais, onde esses dados serão objeto de publicação periódica.
O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para
Hepatite C e Coinfecções, do Ministério da Saúde, preconiza que pacientes
portadores de coinfecção HIV/HCV devem ser priorizados para receber um regime
de tratamento compatível com sua terapia antirretroviral. A indicação de
tratamento do paciente coinfectado HIV/HCV deve ser feita independente do grau
de fibrose hepática.
Em relação à coinfecção HCV/HIV, esta
representa importante problema de saúde pública com prevalência que varia de 10
a 30% em diversas populações. As pessoas coinfectadas com HCV/HIV apresentam
risco mais elevado de progressão para cirrose ou doença hepática descompensada
do que aquelas mono-infectadas com HCV.
Dos 65.155 casos de hepatite C, foram registrados no período
6.890 casos de coinfecção HCV/HIV, com proporção que varia de 15,6%
(1.039/6.644) em 2007 a 10,2% (777/7.631) em 2016.
Estamos finalizando a análise do banco [de dados] do Medex,
da Coordenação de Assistência Farmacêutica da Secretaria Estadual de Saúde,
sobre os tratamentos de hepatite crônica C dispensados segundo critérios do
PCDT, bem como a avaliação das respostas ao tratamento, e enviaremos
oportunamente os resultados destas análises.”
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