NOTA FOAESP
Necessidade de levantamento da hepatite C entre pessoas que vivem com HIV
O Fórum das ONG/Aids do Estado de São Paulo vem, por meio desta nota, manifestar a respeito da necessidade urgente de levantamento da presença de hepatite C entre pessoas que vivem com HIV.
O atual protocolo de tratamento da hepatite C contempla todas as pessoas com HIV, independentemente do estado da fibrose do fígado. Em caso da coinfecção, a evolução da hepatite C pode ser muito mais rápida, necessitando de cuidados ágeis a fim de evitar possíveis complicações ou morte dos pacientes.
No Estado de São Paulo, onde são tratados mais da metade dos casos no Brasil, não se tem uma ideia exata da presença da Hepatite C entre as Pessoas Vivendo com HIV/AIDS (PVHA), e a necessidade de levantamento desta realidade é crucial para a qualidade de vida dos pacientes, pois poderá indicar a necessidade de início de tratamento específico, o que amenizará os possíveis danos e poderá refletir em cura e superação mais rápidas.
Desta forma entendemos que é urgente que se invista em divulgação e testagem das pessoas com HIV, dentro dos serviços, a fim de localizar a presença da hepatite C. O custo da realização deste exame não é alto e sua detecção precoce ajudará numa qualidade de vida melhor, visto que a taxa de prevalência é maior entre pessoas com mais de 40 anos.
Lembramos ainda que está aberta, até dia 13 de abril, uma consulta pública junto a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), sobre o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e Coinfecções. Por isso, é importante que essa discussão consiga garantir este acesso de informação e que, também, amplie as possibilidades de tratamento, especialmente as que possuem fibrose nível 2.
Rodrigo Pinheiro
Presidente
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RESPOSTA do Ministério da Saúde
Ofício nº 511/2017/DDAHV/SVS/MS
Brasília, 2 de maio de 2017.
À Sua Senhoria o Senhor
Rodrigo Pinheiro
Presidente do Fórum das ONG/Aids do Estado de São Paulo
Assunto: Levantamento da presença de hepatite C entre pessoas que vivem com HIV.
Prezado Senhor,
1. O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e do seu Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, Aids e Hepatites Virais (DIAHV), tem como uma das prioridades a incessante busca de informações que permitam identificar como as hepatites virais têm acometido pessoas que vivem com HIV/AIDS. Para a obtenção de informações que permitam elaborar a melhor e mais eficaz resposta para os casos de coinfecção, este departamento vem empreendendo diversas ações de investigação e pesquisa, algumas das quais encontram-se em fase de consolidação de dados que evidenciem especificamente esta questão.
2. Em 2016, o DIAHV concluiu a coleta de dados de três grandes pesquisas utilizadas para o monitoramento da prevalência do HIV/aids, da sífilis e das hepatites virais, bem como de comportamentos, atitudes e práticas associadas ao risco de infecção:
* Estudo epidemiológico sobre a prevalência da infecção de sífilis, do HIV,
das hepatites “B”, “C” e fatores comportamentais associados em conscritos das forças armadas, 8ª
edição; estudo desenvolvido de julho a dezembro de 2016, com apoio
técnico-científico do DIAHV e coordenação da Dra. Rosa Dea Sperhacke da
Universidade de Caxias do Sul/RS.
* Duas pesquisas de prevalência do HIV, sífilis e hepatite B e C em Homens que
Fazem Sexo com Homens e Mulheres Profissionais do Sexo nos municípios de
Belém/PA, Belo Horizonte/MG, Brasília/DF, Campo Grande/MS, Curitiba/PR,
Fortaleza/CE, Manaus/AM, Porto Alegre/RS, Recife/PE, Rio de Janeiro/RJ
Salvador/BA e São Paulo/SP, com o apoio técnico e financeiro do Ministério da
Saúde e coordenação geral [da] Dra. Ligia Regina Franco Sansigolo Kerr
da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e Dra. Célia Landman Szwarcwald
da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), respectivamente.
3. No âmbito do PROADI-SUS o DIAHV apoiou os projetos intitulados Qualificação da Rede de Cuidados DST, HIV/Aids e Hepatites Virais em Regiões Prioritárias dos Estados de Santa Catarina e São Paulo que visa qualificar as redes de serviços de saúde envolvidas no cuidado em promoção, prevenção e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis, HIV, hepatites virais B e C em regiões de saúde prioritárias dos Estados de Santa Catarina e São Paulo.
4. Reuniões Técnicas de Pesquisa:
* Em 2016, foi realizada reunião
técnica com a participação a comunidade científica e membros da sociedade
civil, para o levantamento de prioridades de pesquisa para o biênio 2017-2018,
com vistas a promover o fomento à pesquisa e o desenvolvimento tecnológico em
IST, HIV e Hepatites Virais.
5. Em 2017, encerrar-se-á
* A pesquisa de prevalência do HIV, sífilis e hepatite B e C entre
Travestis e Transexuais, esta coordenada pelo Dr. Francisco Inacio
Pinkusfeld Monteiro Bastos e Dra. Monica Siqueira Malta, ambos da
FIOCRUZ.
6. Dentre as ações de vigilância e cuidado, este Departamento disponibilizou uma versão atualizada do Formulário de Solicitação de Medicamento – Tratamento. Agora o campo 11 inclui a possibilidade de informar sobre pacientes coinfectados – com as opções de hepatite B, hepatite C, e tuberculose. As informações geradas nesse campo irão permitir um melhor e mais completo acompanhamento clínico das pessoas vivendo com HIV/aids, além de contribuir para melhorar o processo de aquisição de medicamentos e as ações de vigilância.
7. Acesso o formulário com a alteração http://bit.ly2pdcWXb, página do SICLOM Gerencial: http://azt.aids.gov.br/. Ações de testagem continuam sendo efetivadas.
Cordialmente,
ADELE
SCHWARTZ BENZAKEN
Diretora